Violência, Religião e Votos

05/11/2014 21:50

O aumento da violência é evidente no mundo inteiro. No Brasil, em especial, está relacionado a fatores como a desigualdade social; ao tráfico de drogas; a má distribuição da população; ao processo de apartheid social, consolidado a partir do histórico movimento de favelização; à ausência de políticas públicas voltadas para as camadas mais humildes da população, até as eleições de Lula e Dilma.

A mídia, como sempre, atenta em busca de melhores índices de audiência, intensificou a produção de programas sensacionalistas que abordam o cotidiano "sempre" violento da nossa sociedade. Termos como: "vagabundos", "malas", "sacizeiros", e outros invadem as milhares de residências todos os dias e até na hora do almoço. Jornalistas que vivem a espremer sangue e a realizar um jornalismo rasteiro e medíocre viraram celebridades e com salários altíssimos.

Esses programas terminaram se transformando num interessante veículo de comunicação para a truculência virulenta de oportunistas que usam a problemática da violência como trampolim para os seus interesses políticos e pessoais. Nessas eleições (2014) houve um aumento de 25% de ex-policiais eleitos. Foram 15 deputados federais e 40 deputados estaduais. Qual o discurso? "É necessário diminuir a maioridade penal"; "bandido bom é bandido morto"; "tem que endurecer as penas mudando o código penal"... Somam-se, ainda, a preservação dos costumes e das famílias, outra pregação hipócrita e demagógica.

Parte de algumas denominações evangélicas também se fortaleceu nessa conjuntura de criminalidade e incentivo ao pânico. Os argumentos de que a destruição das famílias e a disseminação das drogas ocorrem em virtude da falta de deus no coração, demonstrou ser um bom caminho para conseguir arrebanhar os fiéis e seus votos. Foram 105 candidatos evangélicos em 2014, não apurei o número de eleitos.

Há, portanto, uma conjuntura que parece favorecer discursos mais conservadores graças ao comportamento de parte da mídia e de grupos religiosos que defendem interesses praticamente privados. Isso não conduz, necessariariamente, a um contexto favorável a um golpe militar. Para esses defensores do golpe seria interessante "inventar" uma nova Guerra Fria e buscar apoio interno e externo para a concretização do seu objetivo, que nada mais é que uma aberração da percepção da realidade histórica do Brasil. O verdadeiro agravante desse contexto é a busca frenética pela desestabilização do governo do PT. Daí a luta extrema pelo comando da Câmara dos Deputados. Um outro problema é viabilizar uma reforma política séria. Plebiscito, nunca. É coisa de "comunista".