Riqueza:o que é, quem gera e quem se apropria

06/05/2020 15:05

RIQUEZA: O QUE É, QUEM GERA E QUEM SE APROPRIA.


O QUE É RIQUEZA?


Sabe o que é riqueza concreta? Não?! Então vou te dizer.


A riqueza concreta é todo produto que tem valor de uso prático na vida das pessoas. Ah! Cada produto tem valor de uso prático porque independe da crença intersubjetiva, isto é, independe da crença de um conjunto numeroso de pessoas para que exista e tenha sua capacidade de uso aplicada. Quer exemplos? 


Então, vamos lá!

O produto agrícola tem valor de uso prático porque permite a sua alimentação e a sua subsistência. A sua casa tem valor de uso prático porque lhe protege do Sol, da chuva e de tantas outras adversidades que você possa relacionar agora. O telefone celular, que você tem em mãos agora, tem valor de uso prático porque lhe permite ler este e outros textos, acessar e produzir vídeos e áudios e comunicar instantaneamente com outras pessoas. 


Não precisa se esforçar muito para notar que todo produto tem valor de uso prático nas nossas vidas. É, portanto, a riqueza concreta que tem valor real na vida das pessoas. O alimento, a casa e o telefone têm valor na sua vida não porque outras pessoas acreditem neles, mas porque permitem que você se alimente, se abrigue e se comunique.


Dito isto, queria agora perguntar se você sabe o que é riqueza fictícia? Não?!

Pois, bem. 


Riqueza fictícia é aquilo que é exclusivamente produto da ficção ou da imaginação humana. Para ter sentido, a ficção depende de crença intersubjetiva. 


Repetindo. Crença intersubjetiva só tem sentido ou valor quando um conjunto de pessoas compartilham da mesma crença. O dinheiro é uma das muitas ficções humanas ou uma das muitas crenças intersubjetivas criadas pela humanidade e só tem, portanto, valor de uso simbólico. 


Quer entender melhor o que estou dizendo? Imagine, então, dois mundos. Em um desses mundos existem apenas produtos, aquilo que chamamos de riqueza concreta e que tem valor de uso prático. No outro mundo, existe apenas riqueza fictícia, dinheiro.


Você já deve ter percebido que é possível viver no primeiro mundo imaginado (o mundo da riqueza concreta) e impossível viver no segundo mundo imaginado (o mundo da riqueza fictícia). Lembra dos três exemplos de riqueza concreta citados lá no início do texto? Então! O alimento lhe nutre, a casa lhe abriga e o telefone celular lhe permite a comunicação. O dinheiro, por sua vez, não cumpre nenhuma dessas três funções. Entendeu? Espero que sim. 


Você deve agora estar se perguntando: "mas, por que, então, criou-se o dinheiro?" Essa é uma pergunta interessante. O dinheiro foi um artifício criado para que alguns se apropriassem da riqueza concreta gerada pelo trabalho de muitos. Explicar isso exige muito tempo e, por isso, vamos ver isto em outro momento.


A PRODUÇÃO DA RIQUEZA CONCRETA.


A riqueza concreta (ou o conjunto dos produtos) é gerada por todas as pessoas que trabalham na agricultura, na pecuária, no extrativismo, na indústria e na construção civil. 


Para não complicar, não vou considerar, aqui, as pessoas que participam da construção da riqueza através da geração e oferta do conhecimento que se materializa na forma de produtos e não vamos tratar  do conhecimento e das habilidades das pessoas envolvidas com a prestação de serviços. Ainda para não complicar a sua compreensão acerca do objetivo central desse texto, não tratarei também da circulação da riqueza concreta. 


Antes de seguir contando a história, é bom considerar que as pessoas dispõem de capacidade física semelhante e, portanto, são capazes de gerar quantidade muito similar de riqueza concreta. 


Desse ponto de vista, se você trabalha 8 horas por dia e imaginando que seu vizinho trabalhe 24 horas por dia, ele poderia, no máximo, gerar o triplo da riqueza (produtos) que você gera. Certo?! Você deve estar dizendo: "verdade"! Deve ainda estar se  perguntando: "por que, então, meu vizinho possui riqueza (produtos) 100 vezes maior que a minha"?


Considerando a capacidade física média de cada pessoa para gerar riqueza e considerando conhecimento elementar da matemática, seu vizinho não pode ter riqueza 100 vezes maior que a sua. Certo?! 


A APROPRIAÇÃO DA RIQUEZA.


Já sabemos que a riqueza concreta é gerada por todas as pessoas que trabalham.


Vou ilustrar como se dá a apropriação da riqueza.


Imagine que você trabalhe para alguém e que você produza oito quilos de tomate em oito horas de trabalho em um dia. Imagine que você tenha recebido um quilo de tomate como pagamento pelas oito horas de trabalho diário. Percebeu que sete quilos de tomate ficaram com o seu patrão que nada produziu. É a tal da mais-valia sobre a qual Marx tanto falou. Essa é uma forma tradicional de se apropriar da riqueza.


Outras formas de apropriação da riqueza são a ilicitude de algumas atividades, o rentismo, a sonegação fiscal e a compra de parlamentos para criar leis que beneficiem algumas empresas em detrimento de outras. Falar sobre isso também exige muito tempo, por isso falaremos em outro momento.


Pedro Everton dos Santos.