O PT, Lula, Dilma e o Nordeste

23/10/2014 22:25

Caros companheiros (as), nordestinos ou não, a vitória de Dilma e do projeto do PT significam não só a
vitória de um partido político, mas a vitória de uma parcela significativa da população excluída e daqueles que conscientemente não se contentaram com a sua estabilidade social e econômica e conseguiram compreender o real sentido das políticas sociais que diminuíram as desigualdades entre os brasileiros.

Sou nordestino sim, com muito orgulho e amor por essa região. Só a partir do governo Lula que os investimentos chegaram, só a partir do governo de um retirante, de um metalúrgico, de um verdadeiro brasileiro é que o Brasil deixou de manter os resquícios da República Velha, onde só o sul e sudeste eram vistos como áreas de atuação do governo federal. Restava-nos o convívio temeroso e injusto de submissão aos coronéis, verdadeiros representantes de uma elite perversa e oportunista. Aos que se rebelavam restavam a violência perpetrada pelos chefes oligarcas ou o caminho do cangaço. Dentro desse contexto de miséria e degradação humana surgiram líderes messiânicos, prometendo uma vida melhor e a salvação da alma.

Passamos pela República Velha, o coronelismo foi perdendo lentamente o seu vigor, algumas medidas governamentais acenavam com políticas regionais de desenvolvimento como a criação da SUDENE por Juscelino, mas efetivamente, o nordeste permaneceu esquecido. Retratando os problemas da seca e das agruras do bravo nordestino, Luiz Gonzaga nos brindava com sua arte:


Exaltação ao Nordeste

Eita,Nordeste da peste,
Mesmo com toda sêca
Abandono e solidão,
Talvez pouca gente perceba
Que teu mapa aproximado
Tem forma de coração.
E se dizem que temos pobreza
E atribuem à natureza,
Contra isso,eu digo não.
Na verdade temos fartura
Do petróleo ao algodão.
Isso prova que temos riqueza
Embaixo e em cima do chão.
Procure por aí a fora
"Cabra" que acorda antes da aurora
E da enxada lança mão.
Procure mulher com dez filhos
Que quando a palma não alimenta
Bebem leite de jumenta
E nenhum dá pra ladrão
Procure por aí a fora
Quem melhor que a gente canta,
Quem melhor que a gente dança
Xote,xaxado e baião.
Procure no mundo uma cidade
Com a beleza e a claridade
Do luar do meu sertão.


Para o baiano, em especial, a derrubada do carlismo foi histórica. Mostramos nossa força e afastamos o último coronel que nos oprimia. Nessa vitória Jaquces Wagner foi o grande líder, persistiu quando diziam que ele jamais ganharia aquela eleição contra o serviçal de Toninho Malvadeza, Paulo Souto (DEM). Wagner governou por dois mandatos. E se não bastasse, ajudou a eleger o seu candidato, Rui Costa. Rui, filho do bairo da Liberdade, um autêntico soteropolitano, que alcançou o seu espaço político sem ser filho ou neto de tradicional político baiano.

Por essas razões os nordestinos comemoram a vitória de Dilma. Vitória que conribuiu para o sorriso estampado na face desses bravos conterrâneos, que mesmo sofrendo toda sorte de preconceitos, é um povo lutador, que não se abate, um povo que é capaz de criar um tudo de um completo nada. Incapaz de fazer chover, mas forte o suficiente para conviver com a seca e dela tirar alguns suspiros de vida e se manter de pé.

Lula e Dilma reconheceram nossas deficuldades, lutaram por nós. Agora chegou a nossa hora de colocarmos o nosso "Coração Valente" ao lado da nossa companheira e lutadora, Dilma.