Jânio, Collor, Marina e o PIG

01/09/2014 21:53

O suposto crescimento de Marina Silva nas últimas pesquisas confirma o imenso poder da mídia golpista em buscar desestabilizar a campanha e o governo de Dilma. A partir da divulgação de semelhanças entre Jânio Quadros, Collor e Marina, vale a pena perceber que os contextos foram diferentes, o que termina reforçando a ideia de que o PIG tem sido o maior protagonista nessa campanha eleitoral.

Jânio se candidatou pelo PTN, partido desconhecido, mas teve o apoio da conservadora UDN. Marina sequer conseguiu legalizar o seu partido e a sua candidatura surgiu de uma fatalidade. Como Jânio, prega moralidade, austeridade e adota posições conservadoras. Outra semelhança é o personalismo. Marina não tem uma identificação partidária, simplesmente pousou no PSB.

 O que favoreceu a candidatura do histriônico Jânio foi o sentimento quase que generalizado de desilusão. Após a euforia gerada pelo desenvolvimentismo de Juscelino, o Brasil sofria com a elevação da dívida externa que chegava a 3 bilhões e 802 milhões de dólares e uma inflação de 25%.

Collor também surgiu numa conjuntura de desilusão provocada pela "década perdida". O governo Sarney foi conturbado por denúncias de corrupção, inflação descontrolada, planos econômicos fracassados e altas taxas de desemprego. O então jovem candidato também pregava moralidade, austeridade e combate à corrupção. A campanha teve início e a Globo, percebendo que o seu candidato Mário Covas não decolava, resolveu, juntamente com a Veja, turbinar a campanha de Collor. Era o início da criação de uma candidatura forjada em escritórios de marketing político e nos bastidores da Rede Globo e da Veja. O partido de Collor era o PRN, quem conhecia?

A diferença nos contextos das campanhas de Jânio, Collor e Marina está na estabilidade econômica do Brasil atual, o que reforça o argumento de que a imprensa golpista, realmente, tem uma força brutal e destruidora para a verdadeira democracia. Mesmo com a crise mundial, o Brasil manteve empregos, crescimento e fortalecimento das políticas sociais, diminuiu as desigualdades e se fortaleceu no cenário internacional. O "caos" atual não passa de uma construção midiática e desonesta. O que o PIG não esperava era a morte de Eduardo Campos, a fragilidade da candidatura de Aécio e o surgimento e crescimento da candidatura de Marina.

Não comentei sobre o fim do governo Jânio e o impeachment de Collor. Alguns já estão "prevendo" um fim parecido para Marina caso seja eleita. Prefiro não arriscar, a História não trabalha com previsões. O único historiador que costuma fazer futurologia é Marco Antonio Villa, não acerta uma. Ainda mais, insisto, os contextos são diferentes. O DEM pode mudar de lado com facilidade. O PSDB, pelo visto, já está sendo cooptado. O PMDB, a depender da aquisição de cargos, é uma metamorfose ambulante. Geddel Vieira Lima é um grande exemplo, teve cargo no governo Lula e hoje é aliado do DEM e ferrenho opositor ao governo de Jaques Wagner.

Não adianta embarcar nas pesquisas, nem ficar tentando trabalhar com o "futuro". A nossa arma é o presente. Os nossos argumentos são as imensas conquistas sociais promovidas pelos governos Lula e Dilma. Temos sim, que rebater com veemência essa imprensa golpista e buscar, com argumentos consistentes, convencer aqueles, que pela desinformação, são vítimas da mídia vendida.