Guerra Fria de Contradições

11/01/2016 21:38

É fato que o neoliberalismo passa por momentos difíceis, vide a crise econômica mundial iniciada nos Estados Unidos, e que não poupou qualquer nação liberal. A retomada de força por parte da esquerda despertou um sentimento conservador que, no mínimo, lembra as divergências mais radicais da Guerra Fria. O fato curioso é que não temos mais um mundo bipolarizado. Todo esse conflito potencializado pelas redes sociais.

No Brasil, digladiam-se os ditos "bem informados" da classe média alta e os "desinformados", os que precisam de programas sociais para sobreviver. A maior parte da imprensa alardeia uma crise sem precedência e dá voz ao primeiro grupo, omitindo a verdade dos fatos. Quem poderia salvar o país? Talvez capitalistas travestidos de homens de Deus, como Eduardo Cunha, esquecido pelo procurador geral da república; ou um aventureiro, playboy, dublê de senador por Minas Gerais e assíduo frequentador das baladas cariocas como Aécio Neves. Sim, o mesmo dos aeroportos, da "Lista de Furnas" e da propina dos 300 mil.

Caminhando nas trilhas do que é concreto e fugindo dos discursos vazios, analisemos alguns dados. Para conter o endividamento, FHC aumentou a carga tributária em 35,86% do PIB. Penalizou os mais pobres, criou dificuldades para a classe média, mas não tributou os mais ricos. Em 2002 (FHC), o valor do PIB foi de R$ 1,48 trilhão; em 2013 (Dilma) foi de R$ 4,84 trilhões. O PIB per capita, em 2002, foi de 7,6 milhões; em 2013, 24,1 milhões. Investimento estrangeiro direto, em 2002, foi de 16,6 bilhões de dólares; em 2013, 64 bilhões. Com todo "caos aéreo" propagado pela mídia, em 2013, tivemos 100 milhões de passagens aéreas vendidas, contra 33 milhões em 2002. Aos que se dizem preocupados com educação, os governos de Lula e Dilma criaram 214 unidades de escolas técnicas, contra zero dos adversários. A produtividade no governo FHC teve um aumento de 0,3%, enquanto nos governos Lula e Dilma foi de 13,2%. A taxa anual de crescimento das exportações no governo Lula foi de 25,1%, já no do príncipe FHC foi de 4,2%. Hora, se os liberais reclamam de juros altos, em 1997 a taxa selic bateu os 45,67% a.a.

Analisando friamente os dados percebe-se que essa exacerbação do debate entre uma parte da elite e a maioria dos trabalhadores brasileiros reforça as teses de Marx. O conflito de classes é inevitável, mesmo que vivamos numa realidade muito diferente que a do século XIX. Nessa atualidade que o empregado passa a ser "colaborador", que o pobre é culpado pelas dificuldades econômicas e que o empresário é que produz, Cunha, FHC e Aécio salvarão o país.