Expansão Marítima e Comercial

15/05/2013 20:52

Expansão Marítima e Comercial

 

 


 

 

  1. Introdução

 

  • O consumo de especiarias intensificou-se na Europa na época das Cruzadas (do século XI ao XIII). O interesse comercial que envolvia as cruzadas era flagrante. Para as cidades italianas, era vantajoso o uso de suas embarcações no processo da “guerra santa”. Elas buscavam aumentar o seu lucro através da expansão comercial.
  • A reabertura do Mediterrâneo Oriental dinamizou o comércio, enriquecendo a burguesia e fortalecendo Gênova e Veneza, que passavam a ter o monopólio do comércio com o Oriente.
  • A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos contribuiu para aumentar os preços das especiarias. Mesmo não inviabilizando o comércio, as taxas cobradas eram muito altas. Além disso, o esgotamento das minas européias dificultava a cunhagem de moedas.

 

  1. Antecedentes

 

  • A reabertura do Mar Mediterrâneo proporcionou o surgimento do Renascimento Comercial e Urbano. O crescimento comercial era conseqüência do retorno a uma economia monetária, ao surgimento dos excedentes de produção, à melhoria nos transportes marítimos e ao processo de urbanização.
  • Veneza, graças a sua ligação com os muçulmanos, estabeleceu um forte monopólio comercial. Seus lucros eram imensos, o que estimulou outros países europeus a buscarem a expansão marítima.
  • A crise final da Idade Média (séculos XIV e XV) gerou uma busca desenfreada por metais preciosos.
  • Como os Estados Nacionais iam se formando e o poder monárquico se fortalecendo, os Reis favoreciam os empreendimentos marítimos como um meio para ampliar suas fontes de renda, consolidando o poder real.


 

 

  1. Portugal

 

  1. Primazia

 

  • Desde a Terceira Cruzada (século XII), as cidades litorâneas portuguesas serviam como entreposto comercial entre o Mediterrâneo e o norte europeu.
  • A integração no circuito comercial proporcionou à burguesia mercantil portuguesa se fortalecer com o afluxo de mercadores e capitais genoveses e flamengos.
  • A Revolução de Avis (1383-1385) consolidou o poder burguês e impediu que Portugal se unisse a Castela, transformando-se num reino agrário e feudal. A Revolução levou ao poder D. João I, fundador da dinastia de Avis, impedindo a subordinação ao Reino de Castela, cujo governante se casara com a filha de D. Fernando I (1367-1383), o último representante da dinastia de Borgonha.
  • D. João (1385-1433) fez concessões visando o apoio de parte da nobreza feudal para prosseguir a guerra contra Castela. Esse fato gerou uma dupla orientação seguida pela Monarquia ao empreender a expansão pelo Norte da África e pelo Atlântico Sul, costeando o litoral africano para atingir as Índias:
  • orientação mercantil, atendendo aos interesses da burguesia comercial;
  • orientação territorial, satisfazendo aos desejos da nobreza feudal.
  • “ É certo, porém, que a expansão, inicialmente, uniu o Estado em torno do rei e satisfez a interesses gerais, afetados pelo declínio do comércio coma Europa setentrional, devido à Guerra dos Cem anos, envolvendo a França e a Inglaterra que, dentre outras coisas, disputavam a Flandres, uma das regiões mais ricas da Europa e com a qual Portugal mantinha importantes relações comerciais”. (História das Sociedades, Aquino e outros, ed. Ao Livro Técnico).


 

 

  1. Os passos da expansão

 

  • O início se deu com a conquista da Ceuta (1415).
  • Conquista das ilhas e regiões litorâneas da África no atlântico Sul.
  • Com o estabelecimento de feitorias e o acesso a produtos como ouro, escravos, pimenta, marfim, almíscar, panos de algodão e outras mercadorias revendidas na Europa, a empresa mercantil tornou-se auto-financiada.
  • Mesmo a burguesia assumindo o risco dos empreendimentos, os lucros eram canalizados para a Monarquia.
  • Bartolomeu Dias, em 1487, atravessa o Cabo da Boa Esperança.
  • Vasco da Gama chegou a Calicute em 1498. Esse local era um importante centro comercial, onde atracavam navios da costa asiática do Pacífico, de ilhas da Oceania e do litoral do Golfo Pérsico.
  • Em 1500, Cabral, após “descobrir” o Brasil, atingiu Calicute onde derrotou uma frota muçulmana.
  • A expedição de Afonso de Albuquerque estabeleceu feitorias na Índia, na Indonésia, na China, no Japão, nas entradas do Mar Vermelho e Golfo Pérsico.

 

  1. Declínio

 

  • O empreendimento era dispendioso. Os gastos com patrulhamento e manutenção de funcionários eram altos.
  • Na África, muçulmanos desviavam o comércio através das rotas transaarianas, prejudicando o afluxo de mercadorias em Ceuta.
  • A emigração portuguesa, as epidemias e a fome provocaram o declínio demográfico, o que prejudicava os setores da produção e do consumo.
  • Aumento de impostos e empréstimos a flamengos e italianos.
  • Despovoamento do campo devido ao recrutamento pela Marinha e à emigração.
  • Desvio de capitais para empreendimentos marítimos, gerando o aumento das importações.
  • Concessão de privilégios para a nobreza.
  • Expulsão de judeus e emigração de cristãos novos.
  • A União ibérica (1580-1640) aumentou a pressão externa e o Império Português na Ásia e na África começou a desmoronar e a cair em poder da Holanda e da inglaterra.

 

  1. Espanha

 

  1. O atraso

 

  • Motivos:
  • permanência na Guerra de Reconquista até a expulsão dos muçulmanos, só concluída com a tomada de Granada (1492);
  • ausência de unidade política e territorial, em decorrência de constantes guerras. Com a união de Castela e Aragão (casamento de Isabel e Fernando), seguido da conquista de Granada e da posterior incorporação de Navarra, completou-se o Estado Nacional;
  • mesmo após a criação do Estado Nacional, a Coroa espanhola seguiu dupla orientação: européia e mediterrânea, segundo interesses aragoneses (controlavam as ilhas de Majorca e Sicília, além de terras meridionais da Itália); americana e atlântica, atendendo às aspirações castelhanas (a monarquia e a burguesia catalã concorreram com Veneza e se aliaram a Gênova).

 

  1. Os passos da expansão

 

  • A expedição de Colombo, que seguiu a rota pelo Ocidente para chegar ao Oriente, descobriu a América em 1492. Esse fato gerou disputas com Portugal.
  • Enquanto Portugal realizava o périplo africano, a Espanha se envolvia na guerra de Reconquista. Entretanto, o genovês Cristóvão Colombo conseguiu apoio desta última, mesmo estando inicialmente a serviço de Portugal, para a realização do seu projeto de chegar às Índias navegando para oeste. Após o auxílio dos reis católicos espanhóis, Fernando e Isabel, Colombo acabou chegando à ilha de Guanaani, na América, em 1492. Com as descobertas, começaram as disputas entre Portugal e Espanha. O papa Alexandre VI (1493) elaborou a bula Intercoetera, segundo a qual seria traçada uma linha imaginária, a partir das ilhas de Cabo Verde, cem léguas em direção ao Ocidente. As terras a oeste ficariam para a Espanha e as terras a leste, para Portugal. Os portugueses não aceitaram, deixando claro o seu conhecimento sobre aquelas terras, e D João II exigiu um novo acordo. Em 1494, foi celebrado o Tratado de Tordesilhas, que ampliava a distância para 370 léguas a partir das ilhas de Cabo Verde.
  • A expedição de Vasco Nuñes Balboa atravessou o Istmo do Panamá e descobriu o Oceano Pacífico (1513).
  • Fernão de Magalhães costeou a América do Sul, atravessou o Estreito de Magalhães e o Pacífico, atingindo a Índia, e retornou à Espanha através do Atlântico.

 

  1. Declínio (século XVII)

 

  • Gastos com guerras, luxo e doações.
  • Expulsão dos judeus e perseguições aos cristãos-novos privaram o Estado de capitais, empresários e mão-de-obra qualificada.
  • Aumento das importações, emigração e mortalidade.
  • Pressão do inglese, franceses e holandeses.

 

  1. Inglaterra e França (séculos XV e XVI)

 

  • Buscavam passagens para o Extremo Oriente a nordeste (norte da Eurásia) e a noroeste (norte da América).
  • John Cabot John Davis saíram da Inglaterra e exploraram o litoral americano.
  • A serviço da França, Giovanni Verrazzano e Jacques Cartier velejaram pelas costas da América setentrional. A ineficácia dessas rotas foi um incentivo às atividades corsárias, de pirataria e de contrabando. Nessas práticas sobressaíram-se os ingleses Francis drake e John Hawkins com intensa atividade na América Espanhola.
  • Infrutíferas tentativas de fixação no continente americano:
  • o inglês Walter Raleigh, por duas vezes, fundou a colônia de Virgínia, na Ilha Roanoke (1585 e 1587), em terras dos atuais EUA;
  • o francês Nicolau Durand estabeleceu a França Antártica em territórios da América Portuguesa (1555).
  • Apesardessas atividades diversas, ingleses e franceses só empreenderam uma expansão sistemática no século XVII, quando superarem os problemas internos ligados à consolidação do Estado Nacional.

 

  1. Holanda

 

  1. Formação da Holanda

 

  • A Holanda (Países Baixos), antes de se tornar independente, já tinha uma agricultura que progredia e suas indústrias (construção naval, lã, tecidos de linho ...) se desenvolviam. O comércio, beneficiado com as vitórias sobre a Hansa Teutônica (associação de cidades alemãs; formada no século XIII sob a liderança de Lubeck) e pelos progressos da Marinha, expandiu-se rapidamente, aproveitando-se das rotas fluviais e marítimas. Aspecto importante, na atividade mercantil, era sua intensidade com o porto de Lisboa, de onde transportavam produtos vindos do Brasil, da África e da Ásia.
  • Com uma economia forte no século XVI, a burguesia se fortalecia, sobretudo nos centros urbanos dos Países Baixos, onde o Calvinismo converteu-se na religião predominante.
  • Politicamente, os Países Baixos integravam-se ao Império Espanhol, cada uma das dezessete províncias dispunha de um Conselho e de um governador (Estatúder) e enviava representantes aos Estados Gerais. As instituições comuns e a autonomia desfrutada, ao longo do governo de Carlos V, acabaram de forjar o sentimento nacional.
  • A ascensão de Felipe II ao trono espanhol marcou o início de uma série de conflitos (opressão religiosa e arrocho colonial) com os Países Baixos. O Sul permaneceu unido à espanha pela União de arrás, enquanto os burgueses calvinistas do Norte formavam a união de Utrecht (1579), contando com a ajuda da Inglaterra de Elizabete I.
  • Apesar de a Espanha só haver reconhecido , diplomaticamente, a independência das Províncias Unidas mediante o Tratado de Vestfália (1648), estas já se haviam organizado em uma República federal, burguesa e calvinista.

 

  1. A hegemonia

 

  • Conquista de colônias luso-espanholas.
  • América: Guiana, Curaçao, América do Norte.
  • África: Colônia do Cabo, Angola, Benguela, São Tomé...
  • Oriente: Feitorias na Índia e domínio de Java, Ceilão, Málaga, Célebes, Molucas, Nova Guiné, Sonda e Timor.
  • Tornou-se a primeira frota naval do mundo.
  • Amsterdã como principal centro comercial (século XVII).

 

  1. Declínio (segunda metade do século XVII)

 

  • Guerras entre Inglaterra (1652-1654 e 1665-1667) e França (1672-1678) arruinaram o país e reduziram sua participação no comércio mundial.
  • A Holanda foi incapaz de fazer a transição do capitalismo comercial para o capitalismo industrial.

 

  1. Efeitos da Expansão

 

  • O comércio passa ser mundial.
  • A transferência do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico.
  • Intensificam-se as companhias de comércio; aperfeiçoamento das instituições financeiras.
  • Quebra do monopólio comercial das cidades italianas.
  • Valorização do capital comercial, alta dos preços e valorização do lucro.
  • Consolidação do Absolutismo.